XIBUGO
(José Craveirinha)
Minha mãe África
meu irmão Zambeze
Culucumba! Culumcuba!
Xibugo estremece terra do mato
e negros fundem - se ao sopro da xipalapala
e negrinhos de peitos nus na sua cadência
levantam os braços para o lume da irmã Lua
e dançam as danças do tempo da guerra
das velhas tribos da margem do rio.
Ao tantã do tambor
o leopardo traiçoeiro fugiu.
E na noite de assombrações
brilham alucinados de vermelho
os olhos dos homens e brilha ainda
mais o fio azul do aço das catanas.
Dum - dum!
tantã!
E negro Maiela
músculos tensos na azagaia rubra
salta o fogo da fogueira amarela
e dança as danças do tempo da guerra
das velhas tribos da margem do rio.
E a noite desflorada
abre o sexo ao orgasmo do tambor
e a planície arde todas as luas cheias
no feitiço viril da insuperstição das catanas.
E os negros dançam o ritmo da Lua Nova
rangem os dentes na volúpia do xibugo
e provam o aço ardente das catanas ferozes
na carne sangrenta da micaia grande.
E as vozes rasgam o silêncio da terra
enquanto os pés batem
enquanto os tambores batem
e enquanto a planície vibra os ecos milenários
aqui outra vez os homens desta terra
dançam as danças do tempo da guerra
das velhas tribos juntas na margem do rio.
(1958)
Uma homenagem ao ciclo do Rosário,às Comunidades Congadeiras de Minas e da região Sudeste do Brasil.
À comunidade do Arturos ,meu carinho pra sempre.
ps*José Craveirinha, poeta de Moçambique.
Axé ,
Luciana Matias
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